terça-feira, 2 de março de 2010

Lago Seco: o início ou o fim?

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    Salve galera, antes do carnaval rolou uma situação num ensaio de teatro que gostaria de compartilhar ai com vocês, e foi dessa experiência que vem o tema do artigo.
    Em um sábado a noite estava preparando um cenário junto com uma irmã chamada Heloísa para um grupo de teatro se apresentar no domingo, antes de acabar o ensaio recebo uma ligação da mãe de uma das adolescentes que fazem parte desse grupo, ela pediu para eu dizer a ela que o pai dela estava indo pegá-la e que era para ela esperar fora do prédio que ele estava bravo. Ok, passei o recado como essa mãe havia me pedido e ela foi embora, e continuei agora dando uma analisada meio teológica (exegética) no conteúdo da peça.
    No dia seguinte, domingão antes de um culto formal onde aquele grupo se apresentaria, a mãe daquela adolescente veio falar comigo, me pediu desculpas pelo que tinha ocorrido no dia anterior, e eu disse que não tinha problema, e aí sim fomos surpreendidos novamente(Zagalo) ahuuha, ela não parou por ai, continuou falando e foi mais ou menos assim:
    "Sabe o que é Ale, meu marido é um inferno, onde já se viu fazer o que ele faz para mim e para a Amanda (nome fictício), ela é um amor, não da trabalho nenhum (ahammmmm), é um anjo de filha, ele não presta, mas pode deixar, estou esperando e orando para que Deus exerça justiça sobre ele, uma hora Deus vai secar o laguinho dele e dai eu quero ver ele se safar" P.S.: tentei ser o mais fiel possível com respeito as palavras dela. Bom, nem presciso falar que isso me chamou atenção.
    Quero deixar claro que reconheço ser difícil a situação conjulgal nesse estado, e não quero passar por cima da dor de ninguém, mas me proponho aqui a colocar como vejo essa situação e como ela me serviu de experiência.
    Agora não posso negar que esse fato mexeu comigo, pois quando leio o novo testamento me deparo com outro tipo de evangelho vivido, seja nos ensinamentos e na vida de Jesus Cristo, seja nos ensinamentos e na vida dos apóstolos pós-pentecostes. E com tudo o que ouvi quero expor o sistema evangélico em que 'vivemos' e temos 'comido', que tem mais formado homens cheios de justiça própria do que filhos que amam.
    Se o padrão ou sentimento do nosso amoroso Pai não mudou de 2000 e poucos anos para cá e continua tão forte como antes, então fomos nós (igreja) que mudamos e nos afastamos desse Amor, nesse sentido se queremos pregar e viver o evangelho puro e simples devemos voltar para o sentimento original e para a razão central do que se 'prega', ou ainda nos reformarmos ou restaurarmos para nos adequarmos a nova aliança, nesse sentido deixem-me apresentar meus argumentos:
    Há uma tendência que tem chamado minha atenção, que é se pregar a antiga aliança ou o velho testamento (pós-queda) sem que culmine em Jesus (o que não me faz sentido nenhum). Desse modo somos estimulados a encarar alguém que nos fere ou pisa no nosso calo, como talvez Josué encarasse os cananeus ou como Israel e Judá nos tempo dos reis quando encaravam os filisteus.    
    O que as pessoas que tem pregado dessa forma tem esquecido, é que vivemos em um tempo onde o que está vigorando é a nova aliança (ou novo testamento) e não a velha; nesse sentido isso nos remete a um padrão ou a uma essência nova se formos contrastar com a antiga vigência; dessa forma um ser humano nos tempos de hoje jamais será um filisteu ou cananeu, um babilônico ou um perça endemoniado, e sim alguém que carece da graça de Deus ou de um PAI de AMOR.
    Nesse caso (caso do evangelho) deveríamos não pedir juízo para Deus quando não concordamos com algo ou alguém (ainda que esse more na mesma casa), deveríamos orar por eles como quem ora por um inimigo talvez, e nesse sentido fazermos como Jesus nos ensinou, a orar por aqueles que nos perseguem (Mateus 5:43-48), e assim quebrar essa  mentira de ausência de amor, que nos possibilita a pedirmos amor e transformação, ao invés de morte e juízo.
    Outra coisa que me choca é o ódio nas palavras e nas reações que tenho observado por ai; sei que todos falham, mas para eu afirmar que uma pessoa não presta e que ela é um inferno, das duas uma, ou sou santo demais ou não entendi nada a respeito de ter como base da vida o evangelho, deixe-me explicar:
    Está mais que provado que quando tentamos combater o ódio com ódio, raiva com raiva, dor com dor, o resultado é catastrófico pois entramos no terreno da vingança; ao longo da história as mortes causadas em detrimento desse tipo de sentimento ou decisão chegam na casa das dezenas de milhões como está mais que provado, e em cima disso vai a minha pergunta para você que está lendo esse artigo agora, se cremos no evangelho, deveríamos crer no amor como vínculo para a paz, certo? Se cremos no amor, logo deveriamos também acreditar no perdão (e nesse sentido Jesus traz a matemática bíblica para o perdão encontrada em Mateus 18:21,22,23-35), e se cremos no perdão não deveríamos crer na misericórdia e graça exercida por Jesus proporcionando tão grande salvação e de graça ainda sem mesmo merecermos coisa alguma? (Efésios 2:8,9).
     Ora, se o diferencial do evangelho ou do novo testamento ou da nova aliança, é o amor, o perdão, a misericórdia, compaixão e graça, há algo de muito errado em nossas atitudes, pois não há uma força mais eficiente para quebrar a ausência de graça do que a graça, o ódio e a raiva com o amor e com o perdão, e não há maior força capaz de quebrar uma sentença merecida e adversa do que com a compaixão e a misericórdia. Nesse sentido o ódio e o juizo humano perdem o sentido para o evangelho do amor.
    E realmente nesse sentido a parte do lago seco me chamou muita atenção, e tentei imaginar a vida desse marido 'ímpio ou pecador' sem o Pai, e ainda mais com o seu laguinho seco; e descobri que nas palavras daquela esposa aquele laguinho seco não significava coisa boa. Vou além: se o lago seco significar o fundo do poço ou um tempo onde as águas secam para que haja um limpeza no local e nesse caso, o fim seria  o reconhecimento da necessidade de ajuda para a mudança de vida através de uma mudança de mentalidade(metanóia) logo isso seria uma boa coisa já que estaria intimamente ligada com o plano salvador do Pai, e do Filho,  mas o que me preocupa não é nesse caso, pois se ao contrário disso o lago seco, for a ira de Deus que leva a uma enfermidade terminal, que trará sofrimento e dor, e como conseqüência uma morte sem Deus, ou significar o juízo divino culminando numa morte sem Jesus Cristo como seu Salvador, logo o inferno será o próximo estágio desse marido, logo tudo não faz sentido nenhum, pois se a vida dessa pessoa (e pode ser qualquer outra) está sem o Pai ou sem Jesus ele não precisa de juízo divino ou uma enfermidade terminal, como ele está afastado de Deus, o resusltado final dele sem Jesus por enquanto ja é o inferno e dai não seria necessário potencializar nada, já que a 'condenação é certa'. E isso me leva a crer que essa pessoa (ou qualquer outra) precisa justamente do oposto para que se mude a sua eternidade, logo essas pessoas carecem do amor, de misericórdia e graça, além da compaixão e do perdão.
    Agora analisando a questão conjulgal num âmbito geral e não pessoal tenho biblicamente essa matemética apresentada por Paulo e por Pedro. Paulo disse em 1 Corintios "e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ela, esta não deixe o seu marido. Pois o marido incrédulo é santificado pela esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte os filhos seriam impuro; porém agora são santos" 1 Corintios 7:13,14.
    Nas palavras de Pedro: "Mulheres, sede vós, igualmente, submissas aos vossos próprios maridos, para que, se algum deles não obedecem a palavra, sejam ganhos, sem palavra alguma, por meio do procedimento de suas esposas, ao observarem o vosso honesto comportamento cheio de temor; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus" 1 Pedro 3:1-4.
   Ora, em ambos os casos o amor e o  bom procedimento tem se revelado como armas, que podem mudar as situações adversas vividas, e não o ódio e a raiva , ou o juízo divino, contra ao cônjuge ou contra qualquer pessoa.
    Mas se ainda sim depois de termos tentado o amor, a graça, a misericórdia, a compaixão, o perdão e nada tiver mudado (o que acho bem difícil, mas já vi acontecer) o próprio texto de 1 Corintios nos dá a solução nas palavras de Paulo: "mas se o descrente quiser apartar-se, que se aparte, em tais casos não fica sujeita a servidão nem o irmão e nem a irmã, Deus nos tem chamado a paz (e não ao juízo, ódio ou vingança) 1 Corintios 7:15. E ainda há um princípio em Amós que entendo expressar essa condição parafraseando 1 Corintios 7:15, "Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?" Amós 3:3.
    Acabo de perceber como Deus prefere a paz do que a guerra e o inferno.
    Voltando-me para o sistema da igreja moderna e o lago, eu em outro prisma, creio que seria uma benção os lagos secarem, para podermos limpar toda a sujeira cancerigenada religião e de um sistema totalmente corrompido pela falta do sentimento original que de forma tão clara está revelada nas palavras e na vida de Jesus bem como dos apóstolos e da igreja primitiva.
    Temos vivido um tempo onde o amor no nosso meio não tem reinado, onde a graça e a misericórdia só é encontrada em um livro chamado biblia e não nos atos dos que professam seu credo, onde a compaixão e o perdão se perderam nas palavras de Jesus e não expressam a realidade dos supostos "filhos".
    Mas tenho um outra pergunta, os filhos verdadeiros não fazem somente aquilo que vir o pai fazer, segundo as palavras de Jesus?
    Se não fazemos aquilo que esta explicito nos evangelhos como o pai fez em enviar seu Filho Jesus por amor de nós (João 3:16), se não exercemos misericórdia e graça para com os nossos irmãos e próximos, se não exercemos compaixão e se não perdoamos como fomos perdoados, na verdade não o conhecemos e se não o conhecemos ou se não o temos conhecido, precisamos que nosso lago seque como o lago da pessoa da história e ai chegaremos e a igreja chegará no fundo do poço ou da seca, para podermos ser limpos de todo o mal e ai sim sermos inundados por essa água viva que gerará tranformação e mudança de mentalidade que se reflitirá em atitudes de acordo com o Espirito que dizemos que habita em nós, quando isso acontecer seremos realmente filhos transformados, legítimos e maduros, pois segundo minha análise estamos mais parecidos com o homem pecador da história que precisa de uma limpeza, do que para um primor de amor e santidade, precisamos como igreja no geral do Pai igualzinho o marido da história precisa.
    Que possamos acordar, despertar, mudarmos nossa mente, para amarmos, exercermos misericórdia e graça  e ainda sentirmos compaixão e perdoar, somos tão caidos que isso não está em nós e sim nele e a resposta foi dada a Nicodemos, um religioso da época de Jesus, é preciso nascer de novo (João 3:1-6)! Ou voltar para a essência ou secar o laguinho da igreja e do contexto moderno para que haja vida e filhos de verdade.

 No amor do Abba, seu irmão e próximo, Ale

1 Response to Lago Seco: o início ou o fim?

5 de março de 2010 às 15:07

Profundas as palavras... quem pode ouví-las? ou melhor, praticá-las?
Infelizmente vivemos a realidade de um esfriamento geral da igreja; não sei nem se posso dizer, esfriamento da igreja de Cristo, porque será a "igreja de Cristo" é realmente assim? Por vezes já me perguntei: "O que está acontecendo conosco? Onde está a evidência de uma vida salva e transformada pelo Espírito na vida daqueles que compõem a igreja? Onde estão os frutos do nosso relacionamento com Deus? Onde está em nós o Deus que pregamos? Alguém me responda por favor!
De tudo o que tenho ouvido; uma coisa só importa pra mim e isso eu tenho buscado de todo meu coração, apesar das minhas falhas e imperfeições: "Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a mim mesma!" - Talvez de nos concentrassemos nisso, encontraríamos as respostas para essas perguntas.
Fika na paz maninho, Deus te abençõe!

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