A palavra graça segundo Philip Yancey "é a única palavra ainda não corrompida", e não só por isso, mas o que ela representa ou deveria representar para todo aquele que pertence a Cristo é em sua essência ou plenitude o diferencial de uma vida.
Para dar um pano de fundo, a fim de enriquecer esse artigo vou usar um fato pessoal, onde me encontrei nessas duas situações: a graça e a ausência de graça.
Moro com um cara, jovem, rapper cristão, chamado Luiz ou Luizão para os mais próximos, hauha, há dois dias atrás quando cheguei de uma tarde de treino (dou aulas de futebol em um projeto social), cheguei sem vontade de fazer muita coisa, só queria ler um pouco e meditar também, só que estava com fome e provavelmente devesse ter feito a janta, mas estava muito cançado para isso, foi ai que resolvi preparar um macarrão instantâneo que seria muito mais rápido do que cozinhar no comecinho da noite.
Quando estava pegando o pacotinho de macarrão o Luizão chega com aquele sorriso maroto no rosto, e diz assim: "Ale você podia esquentar água e fazer um para mim também" provavelmente ele deveria estar com fome... e a minha resposta foi a que talvez uma grande porção do corpo teria na ponta da língua: "Ah Luizão são só três minutinhos não custa nada você fazer vai".
Depois de alguns minutos me dei conta do que aquela situação estava me ensinando ou me lembrando; é claro que ele poderia realmente ter feito, já que eram só três minutinhos e estava no meu direito de não aceitar; o detalhe é que agindo dessa forma agi como qualquer pessoa que vive nesse mundo de ausência de graça onde é cada um por si, e quem for mais apto sobrevive. Naquele momento, fui relembrado como um renovo a respeito da graça e seu caráter imerecido (não merecido), talvez o sorriso maroto do Luizão tenha sido: "vou fazer o Ale preparar um macarrãozinho para mim" ou ainda "nossa estou com fome e vou pedir para o Ale me ajudar, mas estou constrangido" (por isso da risada), não importa qual fosse o caso, naquele momento em três minutos poderia dar outro sabor ou perfume para aquela situação e aspergir um pouco mais o cheiro da graça nesse mundo cheio de ausência de graça. Não me dei conta que Jesus praticou o caráter imerecido da graça sem mesmo nós merecermos, ele foi humilhado, espancado, torturado, julgado insjustamente, maltratado, sofreu o que ninguém jamais poderá sofrer, foi ultrajado, e ainda no final disse ao Pai: "perdoa-os pois eles não sabem oque fazem" ¹, ora naquele comecinho de noite não pratiquei a graça com seu caráter imerecido com respeito a três minutos e um macarrãozinho, e só me restou confessar minha falha e desejar exercê-la na próxima oportunidade.
Segundo Philip Yancey: "A ausência de graça opera como um pano de fundo estático ao longo da vida das famílias, nações e instituições. Ela é infelizmente nosso estado humano natural" ². Naquele momento me reportei ao meu estado humano natural, mas digo, há uma linha tênue entre a graça e ausência de graça.
Um dia antes um pouco mais de 24hrs antes do acontecimento com o Luizão, um homem bateu na porta de casa, e ele era um senhor que estava passando uma dificuldade animal, e naquele momento pude ajudá-lo além do que seu pedido (não vou entrar em detalhes), mas ali pude exercer a graça em seu caráter espontâneo e imerecido ja que talvez nunca mais veja aquele senhor. Nesse momento o ar foi tomado pela graça, a graça então combatia a ausência de graça.
Logo relembrei a linha tênue que separava um ato de favor imerecido (graça), com a ausência dela em outro ato paradoxal, no dia seguinte, somos bombardeados dia-a-dia por idéias e princípios que tentam destruir a operação e o desejo pela graça, quando vemos um jornal a grande maioria das notícias são de ausência de graça, até o momento do esporte pode se tornar em ausência de graça se no caso foi o time pelo qual você torce que foi derrotado, em uma novela as separações e valores combatem a graça de forma sorrateira levando a ausência de graça, os bbbosta da vida sempre tem um paredão onde não se vê graça alguma, porque é um jogo, no trânsito há mais discussão do que graça, enfim a ausência de graça é massante ao nosso contexto pós-moderno (ou no nosso solo epistemológico)³.
Talvez por isso já tenhamos lido alertas como: "buscai a Deus em tempo e fora de tempo", "buscai-o enquanto esta perto; invocai-o enquanto se pode achar", "regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças... Não apagueis o espírito. Não desprezeis profecias; julgai todas as coisas, retém o que é bom, abstende-vos de toda forma de mal"4. Isso nos remete a comunhão prazeirosa com o Pai e não a ordenanças, mas uma coisa é fato, realmente a linha é tênue, em um namoro, casamento, amizade, trabalho, comunidade local, culto formal, ou tomando um café na praça, se vacilarmos voltamos a nosso estado natural e em pouco tempo vacilamos e passamos a praticar atos de ausência de graça, sei que sempre existirá um ou outro ato já que somos pecadores, mas que essa não seja a tônica de nossas vidas.
Como o Philip Yancey disse: "A graça é o melhor presente do cristianismo ao mundo. Ela é uma boa nova espiritual em nosso meio, exercendo uma força maior do que a vinganca, mais forte do que o racismo, mais forte até do que o ódio. É triste dizer, mas, infelizmente, para um mundo carente, a igreja às vezes apresenta mais uma forma de ausência de graça"5.
Eu desejo ser um pára raio de graça, um imã que atrai o imerecido pelo simples fato de não merecer coisa alguma, anseio pela graciosidade da graça em cada abrir e fechar de olhos, desejo reconhecer sem máscara alguma sempre, que em mim não há atrativo, mas creio que ainda que o Pai tenha que procurar NELE alguma coisa para poder exercer graça sobre mim sei que encontrará pois Ele é amor e a graça se renovará, talvez o que tenho que seja capaz de atrair Sua graça é o Espirito Santo que habita em mim (que não é meu, é Espirito Santo de Deus) e o sangue que corre em mim (que também não é meu, mas sim do Filhão, meu brother mais velho) logo sempre vou ou vamos depender da graciosidade abundante dEle.
Nossos atos de graça jamais farão o Pai nos amar mais, mas com eles podemos levar as boas novas a um mundo onde a ausência de graça tem imperado, e quem sabe não seremos usado para sermos mordomos da graça a essa geração, e assim mostrarmos de verdade um pouco do nosso ABBA PAIZINHO.
Uma nota importante sobre a graça que talvez te ajude a praticá-la: "A graça não é justa - o que é uma das coisas mais difíceis de aceitar nela." (Philip Yancey) 6.
Se puder exerça a graça ainda hoje, com seu namorado, conjuge, amigo, companheiro de trabalho, pois eu vou saindo daqui exercer a graça com o Luizão, huauhahuahu.
Um grande abraço, seu irmão e próximo, Ale.
Referências:
¹ Lucas 23:34;
² Philip Yancey, Maravilhosa Graça; pág. 76, cap 7;
³ "Não quis ser legalista só apresentei fatos, quem assiste o que foi citado, tem total ato de decisão sobre o que ver ou não, e não quis dizer também que seja errado";
4 Isaías 55:6; 1 Tessalonicenses 5:16-22;
5 Philip Yancey, Maravilhosa Graça; pág. 25, cap 3;
6 Philip Yancey, Maravilhosa Graça; pág. 75, cap 6.